quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

(...)

Teoricamente, resta uma opção a Sócrates. Diz-se num parágrafo:

"Caros concidadãos: sem prejuízo da presunção de inocência das pessoas em concreto, quero repudiar aqui - no caso de se confirmar - a utilização do meu nome para quaisquer tentativas de compra ou controlo de grupos de media. Nunca dei, pessoalmente - sublinho, pessoalmente, já para não dizer política ou institucionalmente -, quaisquer indicações nesse sentido a Armando Vara, Paulo Penedos ou Rui Pedro Soares. Quaisquer diligências que eles possam ter feito com esse objetivo são gravíssimas e ilegítimas."

Se Sócrates não pode dizer isto - ou se em consciência sabe que não pode dizê-lo, o que deveria ir dar ao mesmo -, deve começar a preparar-se para não afundar consigo o seu partido, o seu Governo e o seu país"

Rui Tavares n'O Público de 2010.02.15

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Se o Governo não permitir aumentos reais na função pública até 2013, os trabalhadores do Estado vão registar, num período de 14 anos, 13 em que a sua actualização salarial ficou abaixo da inflação."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Da imprensa do dia:

"Bancos privados lucraram 4 milhões por dia" (e aumentaram os lucros relativamente ao ano anterior em 10%)
"Governo congela salários da função pública" (que desde 2000 não aumentaram em termos reais!)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

"E o discurso de que, mais uma vez, serão o mercado e a liberalização da economia a resolver o problema já não convence ninguém. No entanto, parece continuar a ser pecado, sinal de pouca modernidade ou falta de realismo, questionar o modelo neoliberal. Desde o discurso da inevitabilidade e da resignação até à insistência em curar o problema com "mais do mesmo", persistimos em não ver o que é óbvio. O que mais é preciso acontecer para dizermos basta?"
Carla Machado in Publico de 20080526

"Só deixando funcionar o mercado reduziremos o desperdício energético"
Francisco Sarsfield Cabral in Publico de 20080526

"A praxe e as "festividades" académicas são mais uma vez notícia pelas piores razões. Em Braga, uma aluna acusa de violação um "cardeal". Em Santarém, finalmente um tribunal condena os atropelos aos direitos elementares cometidos em nome da "tradição". Quando, há cerca de um ano, escrevi neste jornal sobre a praxe tive, por parte de alguns alunos da minha "casa", uma das mais hostis reacções com que já deparei desde que comecei a escrever esta coluna. Pelos vistos, é mais fácil e menos inoportuno criticar o Governo do que os poderes instalados sem qualquer legitimidade nas nossas universidades. (...) É evidente que não é legítimo confundir o todo com a parte (...) Mas isso não anula o facto de o ritual em si mesmo envolver relações de poder arbitrárias, exercício de humilhações várias e uma clara conotação machista e sexual. O que tem isto a ver com os episódios relatados? Nada? E as universidades nada têm a dizer sobre o que ocorre dentro das suas portas (metafóricas ou concretas), entre os seus alunos, nos tempos que a própria universidade aceita para tais "festividades", supostamente "académicas"? Se isto acontecesse numa qualquer empresa, seria admissível o silêncio dos seus responsáveis? (...) O que mais é preciso acontecer para dizermos basta?"
Carla Machado in Publico de 20080526

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A Vitória dos porcos

"Não é surpreendente a vitória de Berlusconi. Ele representa o que há de pior na política: grosseria, ignorância, mentira, máfé, soberba e desprezo. Mas o seu opositor mais bem colocado, o pusilânime Veltroni, não é carne, nem peixe, nem arenque vermelho. Além do que, com notória ausência de ideias e de «ASPAS» ideais, contrabandeou como suas algumas das promessas eleitorais de Il Cavaliere. O caso italiano reflecte a crise ideológica na Europa, tanto à esquerda como à direita. Ambas demonstram ser incapazes de elaborar uma política de civilização, que se oponha a este tipo de aventureirismo e aos perigos daí decorrentes. Retomo uma pergunta formulada por Elio Vittorini (Il Politecnico - Setembro de 1945) no debate que manteve com Palmiro Togliatti: “Que faz a cultura pelo homem que sofre? Procura consolá-lo.” As frases possuem uma actualidade excruciante: consolar é o contrário de resolver. Se convoco Vittorini para o texto é porque o grande escritor foi o chefe de orquestra de um pensamento aberto ao dinamismo das ideias, e a Itália intelectual o palco no qual se dirimiram questões fundamentais para o futuro da liberdade e da democracia.
(...)
Naturalmente, precisamos de uma “outra” esquerda; mas, também, de uma “outra” direita. O recenseamento das abdicações mútuas (da direita e da esquerda) produziu populistas sem escrúpulos e um rol infindável de crimes. Nem revolta nem revolução. O que se nos propõe como realidade está repleto de logros, embustes e ilusões. Em nome da “democracia liberal” (que mais não é do que “democracia financeira”) há a intenção de se instaurar e consolidar uma ordem despótica. Não há alternativa, proclamam. Há. Desde que a regulação dos conflitos admita que as formas de infelicidade social têm origem nas deformações políticas. Silvio Berlusconi reaparece por impossibilidade de uma esquerda cuja deriva ultrapassa qualquer capacidade de cálculo, e de uma direita doente de domínio e defensora de doutrinas obsoletas. O que nos remete para o problema da democracia. Que está em perigo, não só em Itália. Basta que olhemos em volta: a grosseria espezinha qualquer tipo de civilidade. É a vitória dos porcos, como escreveu Orwell."
Baptista-Bastos, no DN

quinta-feira, 13 de março de 2008

"... a força da República é a virtude, e a sua fraqueza a soberba ..."

"A arrogância é uma deformação moral; o preconceito, uma doença de educação; o desdém, uma chaga de quem se presume superior. Sócrates criou uma criatura que escapou ao seu controlo. Não pode mudar: de contrário, deixa de ser quem julga ser. E, sendo-o, na obstinação de quem não tem dúvidas, perde o respeito daqueles para os quais a democracia não existe sem comunicação. "

Baptista-Bastos, no DN

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

"MAI estuda diferenciação entre bons e maus condutores
Risco Zero é o nome do programa, já entregue e a ser alvo de análise do Ministério da Administração Interna (MAI), que visa reduzir a sinistralidade rodoviária. É um projecto que pretende premiar os automobilistas cujo desempenho nas estradas é imaculado e que, por outro lado, castiga os infractores. Dísticos de três cores, consoante o nível de confiança atribuído a cada um, deverão ser afixados nas viaturas. Para que todos saibam do que é capaz o indivíduo que conduz o carro ao lado do nosso"

(in Público http://www.publico.clix.pt/ 2007.11.02)

Isto faz sentido? o objectivo vale a colocação de uma marca "condutor perigoso" em todos os envolvidos em dois acidentes nos últmos três anos? e já agora, é para todos, os que foram culpados e os que foram vítimas? e todos os acidentes tem culpados? há sempre culpas dos condutores? quando a responsabilidade for da má sinalização, ou do estado do piso vão pôr a marca à porta das Estradas de Portugal? ou no Presidente da Câmara? ou no Ministro da Obras Públicas?
que raio de sociedade estamos a criar?